“Depois fez Moisés partir os israelitas do Mar Vermelho, e saíram ao deserto de Sur; e andaram três dias no deserto e não acharam água. Afinal, chegaram a um lugar chamado Mara; todavia, não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas: por isso chamou-se-lhe Mara. E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber? Então Moisés clamou ao Senhor e o Senhor lhe mostrou uma árvore; lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces”. Êxodo 15:22-25.
Esta é uma passagem extraída do Velho Testamento e conta-nos a história de uma das muitas experiências pelas quais passaram Moisés e o povo que ele conduzia através do imenso deserto. Homens, mulheres, jovens e crianças, aproximadamente um milhão e quinhentas mil pessoas e toda sorte de animais domésticos amparados pelas mãos de Deus, e sob a liderança de Moisés, empreenderam a caminhada rumo à terra prometida.
Recentemente saídos de uma das experiências mais extraordinárias e fascinantes já registradas, a passagem a pés enxutos através do Mar Vermelho ainda estava viva na mente da maioria deles. Adentrando o deserto, caminharam por três dias debaixo de um sol quente e areias sob os pés, à procura de água. E água não acharam. E água não havia.
No entanto, após algum tempo de procura localizaram um lugar, um oásis, onde as águas brotavam borbulhantes. A alegria foi geral. Vozes e gritos de entusiasmo se ouviam dentre àquela imensa multidão. Uns sorriam, outros choravam tomados pelo sentimento de alegria. Alguns não acreditavam no que viam. Água! Água para matar a sede!
A debandada, a correria, o atropelo foi geral. Todos queriam saciar a sede com a água encontrada no meio do deserto estéril. Porém, quando a experimentaram veio a decepção. Aquela água, todo aquele pequeno riacho, a única água ali existente não servia para matar a sede das pessoas, tão pouco dos animais que a rodearam.
Estava amarga! Totalmente amarga! Imprestável! Quem dela bebeu, no ímpeto de dar fim à sede, já sentia os primeiros sintomas estomacais, enjôos e cólicas dilacerantes. Então aconteceu o que se esperaria numa situação dessas: o povo começou a murmurar e a reclamar, dizendo: “Moisés, que havemos de beber”? E Moisés, por sua vez, proferiu em voz alta uma oração, clamando a Deus: “Que farei?” Então, diz o texto, “o Senhor lhe mostrou uma árvore”. Simplesmente uma árvore, nada mais, dizendo e orientando a Moisés que apanhasse a madeira e a lançasse nas águas amargas. Moisés, como sempre, nada questionou. Obedeceu. Fez o que Deus mandara. Apanhou aquela árvore e a lançou nas águas amargas. Qual não foi a surpresa de todos, quando, provando novamente a mesma água, esta se tornara leve, pura e agradável ao paladar. Ela estava doce. E todos dela beberam e foram saciados.
É interessante notarmos como a cruz de Cristo brilha nesta passagem demonstrada pela árvore que foi lançada na amargura das águas. Que transformação estas águas sofreram.
Vamos nos deter nas duas classes de pessoas que peregrinavam pelo deserto. Em primeiro lugar vemos o povo de Israel acompanhado de muitos egípcios. Aqueles, com algum conhecimento de Deus. Estes, nem sequer sabiam sobre como o Deus de Israel entrava em ação. Em segundo lugar, a presença de Moisés, seu irmão Arão e companhia, possuidores de um conhecimento profundo das coisas sagradas. Para todos, Deus mostrou um único caminho, uma só solução: A árvore. Simples árvore. Porém, árvore que cura. Madeira que transforma o amargor em doçura, a necessidade em satisfação, o desespero em calmo sossego e paz. Para Deus, não há interesse em saber se a pessoa não conhece, ou pouco conhece. Tampouco, se é um profundo entendido das doutrinas teológicas. Há uma sede que causa desconforto, provoca dor no peito e abate. Nada pode aplacar a sede do interior do ser humano. Nada do que se ofereça supre esta necessidade. Somente a alma e o espírito sabem definir. Há uma solicitação urgente por água doce, que, como diz o escritor de alguns salmos: “refrigera a alma”, que revigora e faça o sorriso voltar.
Deus não tem outro caminho a oferecer a fim de dar um basta à amargura que está alojada no interior do coração, a não ser este, e só este caminho: A ÁRVORE DA CURA. A árvore tem tal poder de cura porque Deus assim quis. O poder curador não provém da árvore, propriamente dito. A virtude para curar origina-se da Palavra que Deus disse: “Ela cura”. Assim, a Palavra de Deus estava na árvore. Esta era simplesmente o instrumento, transportando a Palavra Divina empenhada na promessa de cura, para atingir as águas. A finalidade, “a priori”, da árvore era alcançar, tocar, ferir, afetar as águas. Então, a Palavra de Deus entraria em ação convertendo o amargo em doce. Assim é a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. A cruz é a Palavra. A cruz é o Verbo. A cruz é a Verdade. A cruz é o “Logos” de Deus, segundo escreveu o evangelista João no primeiro capítulo do evangelho que leva seu nome. A cruz sem Cristo nada representa. Cristo sem a cruz não provoca transformação. Esta era a pregação e o interesse do apóstolo Paulo quando disse que “nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este CRUCIFICADO”. Na sua época, uns buscavam sinais, outros sabedoria, porém, disse ele: “nós pregamos a Cristo crucificado”. A cruz, para ter significado, nunca deve estar vazia. Alguém, ali, deve estar crucificado. Paulo especifica bem este assunto quando escreveu que “longe de mim gloriar-me a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual (através da qual, por intermédio da qual) o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo”. Gálatas 06:14.
Ali, na cruz de Cristo, está Paulo, está o mundo, estamos nós crucificados. Paulo não está crucificado na sua própria cruz, na cruz de Paulo. Isto não existe. O Mundo não tem uma cruz. Todos estão crucifixados na cruz de Cristo. Cumpriu-se a palavra de Jesus quando Ele disse: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim”. João 12:32. No original grego a palavra traduzida como “atrairei” significa “arrastarei”. A questão torna-se delicada quando tentamos introduzir elementos estranhos e dissociamos Cristo da cruz. Perdemo-nos em conjecturas, falácias, tergiversando apenas, simplesmente encontrar-nos-emos “filosofando” algures. Evangelizemos, “não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo não se torne vã (sem sentido)”. I Coríntos 01:17. Questões podem ser levantadas em todas as áreas disponíveis do conhecimento, à procura de uma verdade, um conselho, uma dica que aquiete, amenize a sede no interior do ser humano. Deus vai mostrar a cruz. A cruz de Cristo. A tosca e rude cruz. Ela faz toda diferença. Onde a sua mensagem está presente, transforma todos que nela crêem. Pode parecer loucura para quem não está familiarizado com os métodos Divinos porque “a palavra da cruz é loucura para os que perecem”, no entanto, e isto faz toda diferença, “para nós, que somos salvos, é o poder de Deus”. I Coríntios 01:18.
Quem foi confrontado com a cruz e nela se rendeu, jamais voltou ser a mesma pessoa. Ali, no Calvário, tudo termina. É um ponto final para a velha, amargurada e enfadonha vida. Não há outro caminho. Para todo coração sofrido, doloroso, triste e magoado Deus vai mostrar, simplesmente, a cruz. Nada mais Deus tem a manifestar, revelar, declarar, a não ser a cruz, e a cruz de Cristo. Até o nome e título acompanha esta cruz em particular: “a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo”. Foi ali que o Filho único e amado expirou. Extraordinária história tem a cruz para ensinar.
A vida sem a Cruz de Cristo é insalubre, sem sabor nem objetivo. Quando as experiências do dia-a-dia tornam a vida amarga, o que poderá adoçá-la? Somente a cruz de Cristo. Há um lugar para todos junto à cruz. Há um consolo junto aos pés feridos de Jesus. Há um novo amanhecer. Um novo começo. Uma nova chance. Inicie tudo, novamente, em Cristo, passando pela cruz.
Amauri Galvão - Palavra que Funciona - Um Ministério obedecendo a chamada